Morreu o poeta Eduardo Pitta

25 de julho 2023 - 16:12

Autor de livros de poemas e contos, foi também ensaísta, crítico de poesia e uma figura incontornável da literatura gay portuguesa.

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Eduardo Pitta.
Eduardo Pitta. Foto de Jorge Neves, publicada na página de Faceboook do autor.

O poeta e escritor Eduardo Pitta faleceu esta terça-feira em Torres Vedras a poucos dias de completar 74 anos de idade, vítima de complicações decorrentes de AVC, disse à Lusa fonte da família.

Desde 1967 começou a escrever e a publicar em suplementos literários de jornais como o Notícias, A Tribuna, A Voz de Moçambique e Notícias da Beira. Publicou desde 1974 dez livros de poesia, um romance, duas coletâneas de contos, quatro volumes de ensaio e crítica, duas recolhas de crónicas, dois diários de viagem e o livro de memórias “Um Rapaz a Arder”, além de vários poemas, contos e ensaios dispersos por revistas literárias de Portugal, Reino Unido, Brasil, Colômbia, Espanha, França e Estados Unidos. Enquanto crítico literário, publicou na Colóquio-Letras, LER, Sábado, Diário de Notícias e Público. Manteve entre 2015 e 2022 o blogue Da Literatura.

Nascido em Moçambique, Eduardo Pitta veio para Portugal em 1975 com o seu companheiro Jorge Neves, com quem viria a casar em 2010. Fez da identidade homossexual matéria da sua criação literária e em Fractura (2003), um ensaio sobre a homossexualidade na literatura portuguesa contemporânea, defendia que Portugal não tinha a chamada literatura ‘gay’, como existe nos meios literários britânico e americano. E em 2019 afirmou em entrevista ao Observador que mantinha a mesma posição, que atribuía à falta de coragem de outros autores, alertando para uma “regressão conservadora” nas novas gerações.

Em 2008 adaptou para crianças O Crime do Padre Amaro, clássico de Eça de Queirós e dirigiu a edição das obras completas de António Botto. Em 2016, Eduardo Pitta integrou a lista de apoiantes da candidatura de Marisa Matias às eleições presidenciais.